Evidências da Ressurreição de Jesus

Embora existam diversos argumentos para a existência de Deus, como por exemplo, a perfeição de nosso universo e a complexidade do DNA, assim como diversos acontecimentos bíblicos já foram confirmados por estudos arqueológicos, nossa crença na ressurreição de Cristo está primariamente baseada em nossa própria experiência com o Cristo ressurreto.

Jesus disse “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; Eu as conheço, e elas me seguem” (Joao 10.27). Quando Deus falou ao nosso coração através do Espírito Santo, Ele nos regenerou e nos deu a fé necessária para crermos e sermos transformados por Ele. Que acontecimento maravilhoso poder ter um encontro com o próprio criador do universo!

Entretanto, por mais que nossa fé esteja firmada em Cristo pela própria ação Dele de transformar nossas vidas, é oportuno falar, principalmente na época da Páscoa, que a historicidade da ressurreição de Cristo possui sólidas evidências. Poderíamos abordar a historicidade da ressurreição de Cristo por diversas perspectivas, neste artigo utilizaremos os 4 argumentos propostos pelo Dr. William Lane Craig [1].

Existem 4 fatos históricos envolvendo a morte/ressurreição de Cristo que são aceitos por praticamente todos os historiadores, inclusive ateus, são eles:

1) Depois da crucificação Jesus foi enterrado em uma tumba por um membro do Sinédrio chamado José de Arimatéia:

Este ponto é apoiado pelos seguintes motivos:

a) O enterro de Jesus é atestado em múltiplas fontes independentes: Diversas fontes falam sobre o enterro de Jesus. De acordo com o alemão Rudolf Pesch, especialista no evangelho de Marcos, a narrativa da morte de Cristo foi escrita no máximo após 7 anos do ocorrido. Além disto, Paulo cita uma fonte extremamente antiga do enterro de Cristo que a maior parte dos estudiosos data dentro de 5 anos após a crucificação.

Fontes independentes do enterro de Jesus também são encontradas por trás dos evangelhos de Mateus e Lucas, sem mencionar as fonte extra-bíblicas que falam da morte de Cristo, como por exemplo: o Evangelho de Pedro, documento do judeu Flávio Josefo, Talmud e os anais de Tácito.
Além do mais, não existe nenhum documento que conte uma história rival sobre o enterro, ou seja, uma história que diga algo diferente sobre como foi enterro de Jesus.

b) José de Arimatéria era membro do sinédrio Judeu: Não faz sentido José de Arimatéria ser uma invenção cristã pois ele era membro do sinédrio Judeu.
Havia uma hostilidade na igreja primitiva contra os líderes judeus, pois aos olhos dos cristãos foram os judeus que haviam planejado a crucificação de Cristo.

Raymond Brown diz que o enterro de Jesus por José de Arimatéia é muito provável pois é praticamente inexplicável porque os cristãos inventariam uma história de um judeu fazendo o que é certo por Jesus [2]. De acordo com John A. T. Robinson (Universidade de Cambridge) o enterro de Jesus na tumba “é um dos mais antigos e bem atestados fatos sobre Jesus” [3].

2) Na manhã do domingo seguinte a crucificação a tumba de Jesus foi encontrada vazia por um grupo de mulheres:

Este ponto é apoiado pelos seguintes motivos:

a) O testemunho de mulheres: O fato do testemunho de mulheres no primeiro século ser menos confiável aponta para a veracidade do relato. Na sociedade judaica do primeiro século o testemunho de mulheres não era considerado como confiável.

O historiador judeu Flávio Josefo diz que as mulheres nem sequer eram autorizadas a servir como testemunhas em um tribunal de justiça judaico. Se a história da tumba vazia fosse uma invenção, os escritores teriam relatado que homens haviam encontrado ela, como por exemplo Pedro e João, e não mulheres.

O fato de ter sido registrado que mulheres encontraram a tumba vazia é melhor explicado ao dizer que os escritores registraram com fidelidade aquilo que aconteceu.

Jacob Kremer, um especialista austríaco na ressurreição de Cristo, diz que “de longe a maioria dos exegetas mantém firmemente a confiabilidade das declarações bíblicas sobre o túmulo vazio” [4].

b) O nome das mulheres era conhecido pela igreja primitiva: Pelo fato do nome das mulheres que descobriram o túmulo vazio ter sido citado e serem pessoas conhecidas pela igreja, seria muito fácil desmenti-las caso a história não fosse verdadeira.

c) A tumba ficava em um local conhecido: Como a tumba era em um lugar conhecido, não poderiam dizer que Jesus ressuscitou se o corpo dele ainda estive-se lá. O local em que Cristo foi colocado após sua morte não era desconhecido, todos sabiam onde era. Seria impossível dizer que Jesus havia ressuscitado se o corpo dele ainda estivesse na tumba.

d) independentes fontes antigas: Nós temos um múltiplo atestado independente de fontes antigas dizendo que a tumba estava vazia. A fonte que Marcos utilizou em seu evangelho não terminou com o enterro, mas com a tumba vazia. Além disso, Mateus e João tem fontes diferentes das de Marcos sobre o túmulo vazio. O túmulo vazio também é mencionado em Atos 2.29 e em Atos 13.36 e está implícito por Paulo em 1 Coríntios 15.4.

e) Relato simples: A história de Marcos sobre a tumba vazia é simples e não possui sinais de embelezamento comum a lendas. Podemos entender melhor este ponto ao comparar o relato de Marcos com lendas encontradas em evangelhos apócrifos posteriores. Em um dos relatos apócrifos é dito que Jesus saiu da tumba com a cabeça erguida na altura das nuvens e seguida por uma cruz que falava.

f) A alegação dos judeus: A primeira alegação dos judeus foi de que o corpo de Jesus havia sido roubado (Mateus 28.15). O argumento contrário a proclamação de que Jesus havia ressuscitado não foi de dizer: “olhem, o corpo dele ainda está na tumba!”, mas foi alegar que haviam roubado o corpo dele, o que mostra que de fato a tumba estava vazia.

Inclusive documentos extra-bíblicos relatam esta alegação dos judeus. Estudiosos já mostraram o quão é incoerente a versão alegada pelos judeus de que o corpo de Jesus havia sido roubado, não só pelo fato de haverem guardas na tumba, mas devido a diversos outros fatores também. Isto só mostra o desespero dos judeus em negar o fato da ressurreição de Cristo.

g) Não há nenhum vestígio de veneração no túmulo: Não existe nenhum sinal de que o túmulo de Jesus (ao menos onde se acredita ser o túmulo dele) tenha recebido qualquer tipo de veneração nos primeiros séculos, sendo que seria de se esperar caso o corpo de Jesus tive-se permanecido lá.

Os judeus tinham o costume de venerar os túmulos dos profetas e homens santos e se Jesus tivesse permanecido no túmulo seria de se esperar que os seus seguidores que vieram do judaísmo tivessem feito o mesmo.

3) Em muitas ocasiões e em situações diferentes, grupos de pessoas e indivíduos distintos experimentaram aparições de Jesus ressuscitado:

Este ponto é apoiado pelos seguintes motivos:

a) Lista de testemunhas do Cristo ressurreto: Paulo disse em 1 Coríntios que Jesus apareceu a Pedro, depois a um círculo interno de discípulos conhecidos como os Doze, depois ele apareceu a um grupo de 500 pessoas de uma só vez e depois ao irmão mais novo de Cristo, chamado Tiago. Por fim, Paulo diz que Jesus aparece também para ele.

As pessoas citadas por Paulo ainda estavam vivas quando o apóstolo escreveu a lista. Seria fácil desmentir o apóstolo Paulo apenas conversando com as pessoas caso ele estivesse falando mentiras.

Além do mais, não havia tempo suficiente para que uma lenda surgisse e fosse aceita, de acordo com o famoso historiador A.N. Sherwin-White levava mais de duas gerações no mundo antigo para uma lenda se desenvolver e ser aceita como verdadeira. Os escritos bíblicos foram escritos próximos dos fatos ocorridos, além disso, a própria igreja surgiu numa velocidade e tamanho surpreendentes.

b) Fontes independentes das aparições de Jesus: Encontramos nos evangelhos fontes independentes destas aparições, por exemplo, a aparição a Pedro é citada por Lucas e por Paulo; a aparição aos Doze é atestada por Lucas, João e Paulo e a aparição para as mulheres é atestada por Mateus e João.

As narrativas das aparições abrangem uma variedade de fontes independentes, até mesmo o cético Gerd Lüdemann conclui: “Pode-se considerar historicamente certo que Pedro e os discípulos tiveram experiências após a morte de Jesus, na qual Jesus lhes apareceu como o Cristo ressuscitado” [5].

c) Nem Tiago ou algum dos irmãos de Jesus acreditavam nele durante a sua vida: O fato de que os irmão de Jesus não criam nele durante a sua vida nos faz pensar o que teria feito eles mudarem de ideia após a sua morte se não que de fato Cristo tivesse ressuscitado dentre os mortos.

4) Os discípulos originais criam que Jesus ressuscitou dos mortos embora tivessem toda a pré-disposição para o contrário

Este ponto é apoiado pelos seguintes motivos:

a) Eles foram mortos por esta crença: Os discípulos de Jesus estavam dispostos a morrer por dizerem que Cristo ressuscitou dos mortos. O que nos faz pensar: o que no mundo faria eles estarem dispostos a isso, a não ser que de fato acreditassem que Jesus ressuscitou? Luke Johnson afirma que é necessário algum tipo de experiência poderosa e transformadora para gerar o tipo de movimento que o Cristianismo gerou [6]. Os discípulos de Cristo foram torturados e mortos, alguns degolados, outros queimados e possivelmente alguns até crucificados.

b) Seu líder estava morto e os judeus não tinham nenhuma expectativa de um Messias derrotado e morto: O pano de fundo judaico dos primeiros cristãos não seria crer que Jesus era o messias e ressuscitaria dos mortos, pois as expectativas messiânicas judaicas não incluíam a ideia de um messias crucificado e morto como criminoso, mas sim como um messias que iria triunfar sobre os inimigos de Israel.

c) Lei judaica: De acordo com a interpretação da lei judaica a execução de Jesus como um criminoso mostrou que ele era um herege (Dt 21.23), ou seja, os seguidores de Cristo que eram judeus facilmente perderiam a fé Nele como o messias e não esperariam a sua ressurreição.

d) Vida após a morte: As crenças judaicas sobre a vida após a morte limitavam-se a ressurreição direta para a glória no fim dos tempos, não em uma ressureição que ocorreria no tempo presente, portanto os discípulos não teriam em sua base judaica a expectativa que Jesus iria ressuscitar ao terceiro dia.

Estes motivos que vimos no ponto 4: o perigo de morte e a falta de apoio judaico na ressurreição de Cristo, mostram que os discípulos creram em Cristo mesmo tendo fortes argumentos para não crerem. O que nos leva a pensar que de fato eles creram porque viram o Cristo ressurreto.

Conclusão

Em um dos debates que o Dr. William Craig fez com ateus, no desespero de encontrar uma solução para o “problema da aparição de Cristo após sua morte”, o opositor Irvine, que era professor em uma universidade da Califórnia e fez sua tese de doutorado sobre a ressurreição de Jesus, diante das evidências a favor da ressurreição chegou a dizer que o que ocorreu foi que Jesus tinha um irmão gêmeo idêntico que era desconhecido por todos e só apareceu após a morte de Cristo se passando pelo próprio Jesus. Esta afirmação apenas mostra as bases sólidas que os relatos da ressurreição de Cristo se encontram e o desespero que muitos se encontram ao tentar desacreditar os relatos sobre Jesus.

Além do mais, não há motivo razoável para desacreditar o testemunho dos discípulos. Eles eram pessoas simples e humildes, alguns eram pescadores, outros eram fazedores de tendas, entre outras ocupações. Não existe nada no caráter dos discípulos que nos levem a acreditar que eles estariam inventando uma história sobre a ressurreição de Jesus.

O teólogo John Piper afirmou que foi convencido pelos escritos do apóstolo Paulo de que aquilo que o apóstolo estava escrevendo era verdade. Ao lermos os escritos dos discípulos creio que chegamos a esta mesma conclusão.

Muitas outras coisas poderiam ser ditas, mas creio que as evidências apontadas aqui são suficientes para entendermos que os relatos a respeito da morte e ressurreição de Cristo estão firmados na verdade.

Leandro Weige Dias

[1] CRAIG, William Lane. Em guarda: defenda a fé cristã com razão e precisão. São Paulo: Vida Nova, 2011. 317 pp.
[2] Raymond E. Brown, The Death of the Messiah, 2 vols. (Garden City, N.Y.: Doubleday, 1994), 2: 1240-1.
[3] John A. T. Robinson, The Human Face of God (Philadelphia: Westminster, 1973), p. 131.
[4] Jacob Kremer, Die Osterevangelien–Geschichten um Geschichte (Stuttgart: Katholisches Bibelwerk, 1977), pp. 49-50.
[5] Gerd Lüdemann, What Really Happened to Jesus?, trans. John Bowden (Louisville, Kent.: Westminster John Knox Press, 1995), p. 8.
[6] Luke Timothy Johnson, The Real Jesus (San Francisco: Harper San Francisco, 1996), p. 136.